CANTINHO DO SABER

Contra Egum e a Importância do Equilíbrio

No terreiro, aprendemos que o Contra Egum é um resguardo espiritual, uma força que nos protege contra espíritos desencarnados que podem nos influenciar negativamente. Ele é uma ferramenta sagrada, utilizada com respeito e conhecimento, especialmente para aqueles que servem na corrente espiritual.

Porém, ultimamente, temos visto muitos irmãos pedindo para usar o Contra Egum durante o carnaval, como se fosse um escudo absoluto contra qualquer energia negativa. Mas é preciso lembrar: não adianta vestir o resguardo se suas atitudes estiverem em desequilíbrio.

Se você mergulha nos excessos, se age sem respeito consigo e com os outros, se se deixa levar por impulsos descontrolados, nenhum patuá ou proteção vai impedir que energias desequilibradas se aproximem de você. O terreiro ensina que proteção verdadeira vem do equilíbrio: do respeito ao próprio corpo, da consciência de suas escolhas e do cuidado com sua energia.

De nada adianta pedir proteção se você mesmo abre portas para vibrações baixas através de suas ações. O carnaval é tempo de alegria, mas alegria não é sinônimo de descontrole. Quem quer se proteger de verdade deve buscar moderação, respeito e firmeza espiritual.

Que os ensinamentos do axé nos guiem, e que nossa maior proteção seja sempre a nossa consciência e retidão no caminho!

Guias na Umbanda: Tudo o que você precisa saber


As guias de umbanda são objetos de extrema importância na prática religiosa da umbanda. Essas guias são utilizadas pelos praticantes como uma espécie de amuleto sagrado, representando a conexão entre o mundo espiritual e o terreno. Elas são usadas como símbolos de proteção, orientação espiritual e identificação dentro do terreiro.

Cada guia é única e possui significados e características diferentes, dependendo dos orixás e entidades espirituais que a pessoa cultua. Elas são usadas não apenas pelos médiuns e filhos de santo, mas também pelos consulentes, simbolizando a sua fé e devoção aos guias e protetores espirituais.

Além de seu valor simbólico, as guias também desempenham um papel prático nas sessões e rituais de umbanda. Elas são utilizadas para estabelecer a conexão entre o médium e o guia espiritual, funcionando como uma espécie de canal energético. Através da guia, o guia espiritual pode transmitir mensagens, orientações e até mesmo realizar curas e trabalhos espirituais.

A importância das guias na prática da umbanda

As guias de umbanda são vistas como um elo que une o plano espiritual com o plano terreno, uma forma de estabelecer uma conexão direta com os guias espirituais. Acredita-se que, através das guias, os médiuns e filhos de santo podem receber energias positivas, proteção espiritual e orientação divina.

Além disso, as guias também têm um papel social dentro da comunidade umbandista. Ao usá-las, os praticantes mostram sua identificação com a religião e demonstram seu respeito e devoção aos guias espirituais. As guias são objetos sagrados e pessoais, que carregam consigo os poderes e as energias de cada indivíduo e sua conexão espiritual.

No entanto, vale ressaltar que as guias não possuem poderes mágicos por si só. Elas funcionam como um instrumento de fé e devoção, e seu verdadeiro poder está na crença e na conexão espiritual que elas representam.

Descrição dos materiais utilizados na confecção das guias

As guias de umbanda podem ser confeccionadas com uma variedade de materiais, cada um com seu significado e simbolismo específico. Os materiais mais comuns utilizados na confecção das guias incluem contas de diferentes cores, pedras, cristais, sementes, metais e tecidos.

As contas são elementos essenciais na composição das guias, representando os diferentes orixás e entidades espirituais. Cada cor de conta possui um significado específico, relacionado às características e energias dos guias que ela representa. As pedras e cristais também são usados para potencializar determinadas energias espirituais e auxiliar na proteção e cura.

As sementes, por sua vez, são consideradas símbolos de fertilidade, crescimento espiritual e conexão com o mundo natural. Elas estão associadas à força dos orixás e à capacidade de transformação e renovação. Os metais, como o cobre e o latão, são utilizados para conferir maior resistência e condução energética às guias.

Por fim, os tecidos são usados para amarrar e unir os diferentes materiais que compõem as guias. Cada tecido possui um significado específico, relacionado aos elementos da natureza, como a terra, o mar e o céu. A escolha do tecido também pode representar a preferência ou ligação de cada pessoa com um determinado orixá ou entidade espiritual.

Os tipos de guias existentes na umbanda

A umbanda é uma religião rica em simbologia e práticas espirituais, e uma das formas comuns de manifestação dos guias espirituais são as guias. As guias são colares ou pulseiras feitos de materiais específicos e utilizados pelos praticantes da umbanda como uma forma de conexão e proteção espiritual.

Guia de proteção

A guia de proteção é utilizado para fortalecer a energia espiritual do praticante e proporcionar uma proteção contra energias negativas e espíritos obsessores. Essas guias são geralmente feitas com materiais como contas de diferentes cores, sementes, ervas e amuletos. Cada material utilizado na confecção da guia possui um significado específico e é escolhido de acordo com a necessidade de proteção do indivíduo.

As guias de proteção podem ser usadas diariamente ou em momentos específicos, como durante rituais e trabalhos espirituais. É importante lembrar que a eficácia das guias de proteção não está apenas no material utilizado, mas também na crença e fé do praticante na sua proteção espiritual.

Guia de trabalho

As guias de trabalho são utilizadas pelos médiuns da umbanda durante as sessões espirituais, quando estão incorporados pelos guias espirituais. Essas guias são confeccionadas de acordo com a entidade que o médium incorpora, seguindo as cores e símbolos específicos de cada guia espiritual.

As guias de trabalho são consideradas instrumentos sagrados e simbolizam a conexão entre o médium e a entidade espiritual. Elas são usadas como um canal de comunicação e transmissão de energia entre o guia espiritual e o ambiente, permitindo que a entidade possa realizar suas atividades espirituais.

Guia de demanda

A guia de demanda é utilizada em momentos específicos onde é necessária a atuação dos guias espirituais para resolver determinadas situações. Essas guias costumam ser confeccionadas com materiais de cores específicas relacionadas ao objetivo desejado, como amor, saúde, prosperidade, entre outros.

As guias de demanda são utilizadas como um recurso para intensificar a energia da demanda e fortalecer o trabalho espiritual realizado pelos guias. Elas também podem ser utilizadas como um lembrete constante das intenções e metas do praticante, servindo como um símbolo de sua dedicação e devoção aos objetivos buscados.

Em suma, as guias na umbanda possuem diferentes propósitos e significados, sendo utilizadas como forma de conexão espiritual, proteção e fortalecimento energético. Cada tipo de guia possui suas características específicas e é importante respeitar e compreender a simbologia por trás de sua confecção e uso.

Como as guias são utilizadas nas sessões de umbanda

As guias desempenham um papel fundamental nas sessões de umbanda, sendo utilizadas pelos médiuns como uma forma de conexão espiritual e proteção. Quando uma pessoa é incorporada por um espírito durante uma sessão, é comum que um guia espiritual ou protetor esteja presente para auxiliá-la. A guia é então colocada no pescoço do médium como uma espécie de amuleto, simbolizando essa ligação sagrada e servindo como um ponto de contato entre o mundo físico e o espiritual.

A colocação das guias nos médiuns é feita de maneira cuidadosa e ritualística. Antes de cada sessão, é feita a preparação das guias, que podem ser confeccionadas com contas de diferentes cores e materiais, como miçangas, sementes, pedras ou metais. O tamanho e o estilo da guia podem variar de acordo com as preferências do médium ou do guia espiritual que o acompanha.

Na hora de colocar a guia no médium, é importante que seja feito com respeito e concentração. O guia espiritual ou um dirigente de terreiro geralmente realiza esse procedimento, segurando a guia com as mãos e passando pelo pescoço do médium. Esse momento é considerado sagrado, já que representa a conexão direta entre o plano material e o espiritual.

Significado simbólico das cores e materiais utilizados nas guias

As guias de umbanda possuem uma variedade de cores e materiais, cada um com um significado simbólico específico. Esses elementos são escolhidos de acordo com os princípios da espiritualidade umbandista e também podem variar de acordo com as linhas de trabalho espiritual seguidas pelo terreiro.

Por exemplo, as guias feitas de contas brancas representam a paz, a pureza e a espiritualidade elevada. Já as guias com contas azuis estão associadas à tranquilidade e à harmonia. As guias com contas vermelhas, por sua vez, estão ligadas à força, à coragem e ao poder. Esses são apenas alguns exemplos, e há uma ampla gama de cores que podem ser encontradas nas guias de umbanda.

Além das cores, os materiais utilizados nas guias também têm significados específicos. Por exemplo, as guias feitas com sementes como o dendê são associadas à força e resistência, enquanto as guias feitas com pedras naturais podem trazer energias específicas, como a ametista para a espiritualidade e a turmalina negra para a proteção.

É importante ressaltar que cada terreiro de umbanda pode ter suas próprias interpretações e significados simbólicos para as cores e materiais utilizados nas guias. Portanto, é sempre interessante buscar a orientação de um líder espiritual ou praticante experiente ao escolher ou interpretar esses elementos sagrados.

    • Oxalá (senhor da paz e da criação): Branco.

    • Iemanjá (rainha do mar): Azul claro ou branco.

    • Oxum (senhora da fertilidade e do amor): Amarelo 

    • Ogum (senhor da guerra e da justiça): AZUL ESCURO

    • Xangô (senhor da justiça): Marrom 

    • Iansã (senhora dos ventos e tempestades): LARANJA

    • Oxóssi (senhor das matas e da caça): Verde escuro.

    • Exu (guardião dos caminhos): Preto e vermelho, mas as cores podem variar.


O Pai/Mãe de Santo Pode Mudar as Entidades de Seus Filhos?

Essa é uma dúvida mais comum do que se imagina. Para muitos, a resposta negativa pode parecer óbvia, mas ainda ouvimos relatos de dirigentes que se atribuem um poder maior do que realmente possuem. Diante disso, é fundamental reforçar a importância da humildade e da lucidez para aqueles que lideram um terreiro.

Nenhum sacerdote tem o poder de alterar os guias espirituais com quem seus filhos trabalham, independentemente de sua experiência ou tempo de vivência na religião. As entidades que se manifestam através de um médium são determinadas antes mesmo de sua encarnação, de acordo com sua missão espiritual e afinidade vibratória.

A relação entre o médium e seus mentores espirituais não é algo que possa ser modificado como se fosse uma simples troca de vestimentas. Em muitos casos, essa conexão é fruto de diversas encarnações, consolidando um vínculo profundo. O processo mediúnico exige sintonia de valores, visão de mundo e energia pessoal. Incorporar uma entidade que não faz parte de sua coroa não é algo simples ou forçado.

Infelizmente, por ciúmes ou vaidade, alguns sacerdotes se incomodam ao ver que um filho de santo trabalha com a mesma entidade que eles. Movidos por essa inquietação, criam a falsa ideia de que podem determinar quais guias um médium deve ou não incorporar. Em alguns casos, desejam ser os únicos a manifestar determinada entidade, como se isso lhes conferisse status ou exclusividade dentro do terreiro.

Na realidade, mudanças nos guias espirituais de um médium são extremamente raras e, quando ocorrem, são sempre determinadas pela própria espiritualidade. Pode acontecer, por exemplo, de um guia ter uma missão temporária no desenvolvimento mediúnico de um filho, decidir reencarnar ou até se afastar devido às más escolhas de seu protegido. Mas nunca por ordem de outro encarnado.

O papel do Pai/Mãe de Santo, por exemplo, é organizar o calendário de giras e definir a linha de trabalho do dia — se será de caboclos, pretos-velhos, esquerda, entre outras. No entanto, quais entidades específicas se manifestarão dentro dessas linhas (como Caboclo Pena Branca ou Sete Flechas) não está sob o controle do dirigente. Esse reconhecimento ocorre naturalmente, conforme o desenvolvimento mediúnico do filho de santo, permitindo que os falangeiros se apresentem no momento adequado.

Saravá a todos!

🎭A Ilusão da Liberdade🔱

O Carnaval estava a todo vapor, e Lucas sentia o corpo vibrar com a energia que tomava conta da cidade. Era o primeiro ano em que o Terreiro estava de recesso durante a festa, e ele, com o espírito livre, se sentia no direito de relaxar, de esquecer os rituais diários e de se entregar à folia. Afinal, ele tinha feito tudo certo: as obrigações estavam feitas, as firmes estavam firmadas, e ele acreditava que, por estar com sua proteção em dia, não correria nenhum risco.

"Finalmente, vou curtir como todo mundo", pensava Lucas, ao se arrumar para a festa. A sensação de estar protegido pela espiritualidade o fazia acreditar que podia se entregar à bebida, ao sexo e ao excesso sem maiores consequências. O Terreiro estava fechado, a energia de seu espaço sagrado parecia distante e ele, confiando em sua fé e nas promessas de Exu, achava que estava invulnerável.

Na rua, a euforia tomou conta dele. O samba, as fantasias, as danças, a multidão… tudo parecia perfeito. A cada drink, a cada beijo furtivo, Lucas se sentia mais leve, mais solto, mais longe de qualquer responsabilidade espiritual. Ele acreditava que a festa era uma pausa das obrigações, uma chance de relaxar sem perder sua conexão com os Orixás. O que ele não sabia, ou talvez soubesse e escolhesse ignorar, é que a energia que o cercava estava prestes a se tornar uma armadilha.

À medida que a noite avançava, Lucas se sentia mais distante de sua essência. O álcool embriagava mais a sua mente do que o corpo, e a cada passo dado em meio ao caos, ele começava a perceber a sensação de algo estranho e pesado em seu peito. Ele tentava afastar essa sensação, dizendo a si mesmo que estava apenas cansado, mas logo se deu conta de que a diversão estava tomando uma forma que ele não conseguia controlar.

De repente, uma voz familiar sussurrou em seus ouvidos. Era Exu, mas não aquele Exu brincalhão e irreverente de sempre. Agora, sua presença parecia carregada, e a risada que vinha de sua boca tinha um tom de ironia.

"Você pensou que estava livre, né?", disse Exu, com um sorriso malicioso. "Mas você não brinca com a energia dessa forma. Cada escolha tem seu preço, e o que você está fazendo agora não é apenas diversão. Não posso fazer tudo por você. Você se esqueceu que a proteção não é só cumprir obrigações. Isso não basta."

Lucas sentiu um arrepio. A energia ao seu redor havia mudado, como se um véu invisível tivesse sido levantado, e ele agora enxergava o que antes estava encoberto. Espíritos pesados, obsessões espirituais que aguardavam o momento certo para se aproximar, começaram a se aproximar dele. A sensação de desconforto se intensificou e, mesmo com a presença de Exu, ele não sabia como afastar as influências negativas que estavam invadindo sua energia.

A bebida não ajudava mais, e, ao contrário, parecia amplificar sua vulnerabilidade. Em um momento de desespero, Lucas percebeu que aquelas presenças espirituais não eram aleatórias. Ele estava sendo seguido, rodeado por espíritos obsessores que se aproveitavam da sua falta de atenção, do seu descontrole, da sua entrega ao prazer sem limites.

Exu, percebendo a gravidade da situação, se aproximou de Lucas, mas agora com um tom mais sério. "Você se entregou ao excesso, e agora as consequências estão aqui. Não é só sobre o que você fez no terreiro, é sobre o que você faz com as energias ao seu redor. A proteção não vem apenas da firmeza ou das oferendas, ela vem da sua vigilância constante. O que você fez foi abrir portas para o que você não pode controlar."

Era tarde demais para voltar atrás. Lucas estava no meio de uma encruzilhada espiritual, cercado por forças que não poderia ignorar. Ele tentou se recompor, mas a pressão dos obsessores aumentava, como uma névoa que o envolvia. Não era mais sobre a festa ou a liberdade que ele imaginava, mas sobre a responsabilidade que ele havia deixado de lado.

"Agora você vai aprender da maneira difícil", disse Exu, enquanto seus olhos brilhavam em uma intensidade que Lucas nunca vira antes. "Eu estou aqui para te proteger, mas não posso fazer o trabalho sozinho. Quando você se afasta de sua própria energia, está permitindo que o caos entre em sua vida. Agora, é com você."

Lucas tentou reagir, mas estava fraco, vulnerável. Ele se deu conta de que o Carnaval, que inicialmente parecia ser a chance de se libertar, tinha se tornado uma armadilha. Ele pensou nas suas escolhas e no quanto havia ignorado a necessidade de cuidar de sua espiritualidade constantemente. Não era sobre cumprir rituais de vez em quando, mas sobre a disciplina diária, o cuidado com o que se entrega, o respeito pelas energias que circulam.

Naquele momento, Lucas entendeu que o real equilíbrio espiritual não era encontrado em rituais feitos de forma mecanicamente correta, mas em uma consciência constante de sua energia e das forças que o cercavam. O Carnaval, em toda a sua alegria e festa, estava cheio de momentos de luz, mas também de sombras – e ele havia se deixado envolver por ela

Oferenda na Encruzilhada

Francisco era seu nome. Desde jovem, conheceu as dificuldades materiais da vida e acostumou-se a trabalhar do nascer ao pôr do sol. Quando finalmente se aposentou, continuava saudável e cheio de energia, sem aparentar seus cinquenta e oito anos.

Apesar de ter crescido em uma família humilde, recebeu a melhor educação que seus pais puderam oferecer, baseada no exemplo e na retidão. No entanto, a única herança que recusou foi a fé. Incrédulo, não seguia nenhuma religião e costumava zombar delas.

A ociosidade trazida pela aposentadoria começou a inquietá-lo. Já havia reformado a casa e o galpão, plantado uma horta, mas os dias pareciam não passar. Como diz o ditado: "cabeça vazia é oficina do mal." Foi assim que, buscando distração, resolveu frequentar uma casa de diversões na cidade.

Entre bebidas, mulheres e prazeres, perdeu a noção do tempo e voltou para casa cambaleante de madrugada. No caminho, ao passar por uma encruzilhada, viu uma luz fraca no chão. Curioso, aproximou-se e percebeu que se tratava de um "despacho", como chamavam na região. Sobre uma bandeja grande, repousavam uma ave morta, velas, charutos e uma garrafa de cachaça, além de outros elementos.

Sem qualquer crença e ainda embriagado, Francisco zombou da oferenda, proferindo palavrões. Pegou os charutos e a garrafa de cachaça, chutou o restante e seguiu para casa. Lá, bebeu quase tudo e fumou alguns charutos antes de dormir.

Na manhã seguinte, contou o ocorrido à esposa, debochando da situação. Mas a bondosa mulher, filha de uma benzedeira, repreendeu-o com seriedade:

— Se não acredita, ao menos respeite. Não se deve mexer com trabalho de encruza.

O Aviso da Encruzilhada

Nos dias seguintes, Francisco repetiu a atitude, chutando oferendas e levando para casa os objetos que encontrava. Até que, em uma dessas noites, ao erguer o pé para chutar os elementos, viu diante de si um homem de capa negra segurando um chicote trançado.

Apavorado, sentiu a perna paralisar e, tomado pelo pânico, saiu pulando como um saci, caindo e levantando desesperado. Ainda por um longo trecho, podia ouvir a gargalhada estrondosa daquele homem ecoando no ar.

Na manhã seguinte, suas costas doíam como se tivesse apanhado. Só de se lembrar da cena, seu corpo se arrepiava. Temia contar à esposa, pois sabia que seria repreendido mais uma vez. Mas ela logo percebeu seu abatimento.

— Você está doente? — perguntou, preocupada.

Ele nada respondeu. Sentia-se febril e fraco. Além disso, passou a ter pesadelos recorrentes com o homem de negro, ouvindo sua gargalhada sinistra. Acordava aos gritos, banhado em suor. Depois de várias noites atormentado, decidiu contar à esposa o que havia acontecido.

Ela o aconselhou a buscar um benzimento e o convidou para visitar um terreiro na vila vizinha. Relutante, mas temendo o que poderia acontecer, aceitou.

✨️ A Resposta do Mundo Espiritual

Ao chegar ao terreiro, Francisco se sentiu inquieto, mas, conforme os pontos cantados e orações eram entoados, começou a se acalmar. Quando ficou diante do médium incorporado por um caboclo, suas pernas tremiam tanto que mal conseguia se manter em pé.

De repente, a gargalhada do homem de negro ressoou em seus ouvidos, e seu corpo arrepiou-se inteiro. Teve vontade de fugir, mas suas pernas não obedeciam. Auxiliado pela esposa e pelo dirigente da casa, sentou-se em uma cadeira para ser atendido.

— Ogum é que está de ronda. Ogum é que vem rondar! — cantava a corrente, enquanto o caboclo limpava seu corpo espiritual com uma espada de São Jorge, retirando as energias negativas que ele absorvera na encruzilhada.

Depois, com voz firme, a entidade o chamou para prestar contas:

— Agora me diga, homem, o que veio fazer aqui?

Francisco, ainda trêmulo, respondeu:

— Acho que mexi com o que não devia... Andei chutando uns "despachos" na encruzilhada e, uma noite, vi um homem estranho. Acho que ele não era deste mundo.

O caboclo sorriu e respondeu:

— Tudo o que você pode ver, ouvir e sentir é deste mundo, sim. Agora me diga: o que acha da sua atitude?

— Eu... eu não sei. Só fazia aquilo por brincadeira.

— E se alguém entrasse na sua casa chutando seus móveis, quebrando tudo e roubando sua comida na hora da refeição? Você iria gostar?

— Claro que não!

— Pois foi exatamente o que fez na encruzilhada.

Francisco abaixou a cabeça, envergonhado.

— O que não nos pertence não pode ser tomado. Não importa se você acredita ou não, se acha certo ou errado. A oferenda ali possuía uma duplicata espiritual, destinada a um propósito e a uma vibração específica.

O caboclo prosseguiu:

— O mínimo que um homem deve ter é respeito pelas crenças e atitudes dos outros. O que estava ali era um trabalho de magia. A qualidade dessa magia não importa agora. O que importa é que você desrespeitou espíritos e energias que estavam atuando naquele local. O homem que viu na encruzilhada não era um espírito qualquer. Era seu próprio Exu Guardião, colocando você no devido lugar antes que a Lei agisse com mais severidade.

Francisco ouvia atentamente, sentindo-se pequeno diante das palavras da entidade.

— Como uma criança teimosa, precisou de um corretivo para aprender a respeitar. Isso não significa que encruzilhada seja morada de Exu, pelo contrário. Os espíritos que lá se alimentam dessas energias são os quiumbas, almas que ainda necessitam de elementos materiais.

— Exu?! Cruzes! Isso é coisa do capeta! — exclamou Francisco, assustado.

O caboclo sorriu e esclareceu:

— Está na hora de conhecer quem realmente é Exu.

✨️ A Transformação

Após o atendimento, Francisco sentiu um alívio imediato. Naquela noite, dormiu em paz pela primeira vez em semanas. Com o tempo, passou a frequentar o terreiro regularmente, não apenas em busca de proteção, mas também de aprendizado.

Pouco a pouco, sua fé despertava. Até que, um dia, o inesperado aconteceu: Francisco recebeu sua primeira incorporação. Manifestava-se por meio dele seu protetor, Ogum de Ronda, abrindo caminho para Exu, que chegava gargalhando e empunhando seu chicote — um artefato que usava no astral para ensinar e corrigir aqueles que estavam se desviando da Lei.

Agora, ao sentir a presença de Exu, Francisco não temia. Pelo contrário, agradecia. Pois compreendera que fora um privilegiado por conhecer esses mistérios e aprender, na prática, o verdadeiro significado da fé e do respeito ao mundo espiritual.

Quanto tempo leva o desenvolvimento mediúnico❓️

O desenvolvimento mediúnico é um processo individual e varia de pessoa para pessoa. Cada um sente e vivencia a mediunidade de maneira única, por isso, não há um tempo exato para que esse desenvolvimento aconteça. É um caminho personalizado, que exige paciência e dedicação.

Geralmente, o progresso é lento, e isso é necessário, pois o atendimento espiritual é uma grande responsabilidade. Muitas pessoas chegam em busca de auxílio, algumas com problemas sérios, e uma orientação equivocada pode trazer consequências negativas.

O médium em desenvolvimento deve cultivar a humildade. Infelizmente, alguns se deixam levar pela arrogância, acreditando estar "prontos" antes da hora. Quando recebem a orientação de aguardar mais um pouco, acabam buscando outros terreiros onde o desenvolvimento ocorre sem critérios rígidos. É essencial respeitar o tempo de aprendizado e permitir que as coisas fluam naturalmente.

Muitos, ansiosos e impacientes, recorrem a práticas externas na tentativa de acelerar o processo. No entanto, é importante deixar claro: não há banho, firmeza, trabalho, meditação, técnica ou magia que substitua cada etapa do desenvolvimento. Tudo tem seu tempo.

Por outro lado, há médiuns que permanecem em desenvolvimento por anos, mesmo já tendo sido autorizados a atender. Seja por insegurança ou outros motivos, relutam em dar esse passo. A mediunidade é um compromisso sério; não se incorpora apenas para sentir uma energia agradável. Se o Pai/Mãe de Santo disser que você está pronto para atender, confie em seus guias e na sua própria capacidade.

O tempo de desenvolvimento também permite que o médium trabalhe questões internas. Esse processo não se resume a incorporar entidades, mas sim a um profundo mergulho na própria alma, lidando com emoções, memórias e sentimentos. Nem sempre é fácil, e é por isso que a paciência se torna fundamental.

Evite opinar sobre o desenvolvimento alheio ou pressionar alguém a avançar. Cada médium tem seu próprio tempo, e somente o Pai/Mãe de Santo ou o guia chefe da casa pode determinar quando alguém está pronto para atender.

Por fim, lembre-se: o aprendizado nunca termina. Mesmo quem está na Umbanda desde a infância e trabalha com seus guias há décadas ainda tem muito a aprender. Algumas lições só serão compreendidas com a prática, e outras apenas em futuras encarnações. Por isso, mantenha sempre a humildade. Perante os guias e a espiritualidade superior, somos eternos aprendizes.

Saravá a todos!

QUANDO O MÉDIUM TEM MEDO DE ATENDER

Chega um momento na trajetória do médium em desenvolvimento em que ele percebe a proximidade do dia em que suas entidades serão autorizadas a realizar consultas. Esse momento gera uma ansiedade natural, pois envolve uma grande responsabilidade. No entanto, além da ansiedade, alguns médiuns sentem um medo profundo e acabam "fugindo" dessa missão inevitável.

A essência da Umbanda está no aconselhamento, e esse é o propósito do exercício da mediunidade — seu curso natural. Embora o desenvolvimento traga equilíbrio e bem-estar ao neófito, se não estiver vinculado à prática da caridade, algo essencial se perde. Em algum momento, será preciso enfrentar esse desafio.

Cada pessoa tem seu próprio ritmo. Não existe um tempo padronizado para o desenvolvimento mediúnico. Alguns precisam de mais tempo, outros de menos, e isso faz parte da religião. Em geral, vemos iniciantes apressados para chegar a esse ponto, mas há também aqueles que, ao contrário, adiam ao máximo. Mesmo quando já estão preparados, evitam ir para o atendimento.

A avaliação sobre quem está pronto para prestar consultas cabe principalmente ao sacerdote, mais do que ao próprio médium. Se, por alguma razão, ele não quiser seguir esse caminho, tem o direito de recusar. Mas que essa recusa não seja motivada pelo medo ou insegurança. É importante lembrar que o médium não está sozinho — as próprias entidades conduzirão todo o trabalho espiritual. Confie naqueles que te acompanham.

Acredite e deixe tudo acontecer naturalmente. Os guias sabem como lidar com cada situação. É importante compreender que eles não precisam resolver todos os problemas dos consulentes, nem adivinhar cada detalhe de suas vidas, prolongar a consulta desnecessariamente ou usar palavras rebuscadas. Cada pessoa recebe exatamente o que necessita no momento, seja um simples passe e a orientação para mais orações, seja um aconselhamento mais profundo.

Na realidade, o aprendizado mediúnico continua mesmo após a liberação para os atendimentos. Somente na prática o médium começa a entender verdadeiramente o que é a mediunidade e qual é o seu propósito. Algumas lições não podem ser ensinadas em palavras — apenas vivenciadas. O médium amadurecido se forma com anos e anos de experiência.

Saravá a todos!

10 Equívocos Comuns no Desenvolvimento Espiritual

1. Achar-se mais evoluído do que os outros

Diante do Pai Maior, somos todos pequenos. Não há ninguém neste mundo que não tenha grandes lições morais a aprender. Por mais que acumulamos conhecimento e experiências espirituais, a caminhada da evolução é longa. Se você acredita estar em um nível superior aos demais, isso é um sinal de que ainda há muito a aprender.

2. Dar lição de moral para todo mundo

Todos conhecem alguém que adora dizer aos outros o que é certo ou errado, mas que não segue seus próprios conselhos. Para construir um desenvolvimento espiritual sólido, é fundamental focar no autoconhecimento e não na vida alheia. Há momentos em que compartilhar boas virtudes pode ser positivo, mas apenas quando solicitado.

3. Acreditar que tem a solução para todos os problemas dos outros

Cada pessoa é única e percorre seu próprio caminho. O que funciona para um pode não ser adequado para outro. Se alguém pede um conselho, é válido ajudar dentro das nossas possibilidades, mas impor soluções como se fossem absolutas é um erro.

4. Apresentar-se como um messias

A caridade está ao alcance de todos, independentemente de sua condição. Os ensinamentos divinos não se manifestam apenas por meio de alguns "escolhidos", mas através de qualquer um que tenha o sincero desejo de ajudar o próximo. Aqueles que realmente têm uma missão espiritual não se proclamam mestres, mas demonstram humildade acima de tudo.

5. Pensar que possui superpoderes

Somos humanos e temos nossas limitações. Algumas pessoas podem ter dons ou habilidades específicas, mas ninguém está acima das leis naturais. O que chamamos de "milagres" nada mais são do que manipulações vibracionais dentro de mecanismos desconhecidos. O importante é utilizar qualquer dom para ajudar, sem vaidade ou arrogância, pois a quem muito é dado, muito será cobrado.

6. Acreditar que está sempre certo

Errar faz parte da jornada, e todos estão sujeitos a isso. Se estivéssemos livres de falhas, não estaríamos encarnados. Ao invés de buscar justificativas para os erros, é melhor reconhecê-los e aprender com eles. A arrogância pode ser um grande obstáculo para a evolução.

7. Acreditar que sabe tudo

O conhecimento do universo é infinito. Nem mesmo os guias espirituais possuem sabedoria absoluta, pois somente o Criador é onisciente. Aqueles que se mantêm como aprendizes estão sempre descobrindo algo novo. Já quem acredita saber tudo revela, na verdade, o quanto ainda precisa aprender.

8. Agir como se tudo fosse espiritual

Nem tudo que acontece em nossa vida tem uma explicação espiritual. Se tropeçou em uma pedra, isso não significa necessariamente que há um obsessor no seu caminho. A espiritualidade está presente em nossa vida, mas a matéria também. O equilíbrio entre ambos é essencial.

9. Julgar a forma como os outros cultuam Deus

A conexão com Deus é algo pessoal e único. Não existe um caminho melhor ou pior para buscá-Lo. As religiões são diversas porque atendem a diferentes necessidades espirituais, e isso é algo maravilhoso. Antes de julgar o próximo, fortaleça sua própria relação com o Criador.

10. Tentar passar a imagem de que é invulnerável a tudo

Independentemente da experiência espiritual, todos precisam vigiar seus pensamentos, sentimentos e conduta. Ninguém está imune a desafios e adversidades espirituais. Até mesmo o melhor dos soldados precisa de sua armadura ao entrar em batalha.

Por isso, mantenha-se sempre preparado para suas atividades espirituais. A maior proteção é a humildade!

A CONSCIÊNCIA DURANTE A INCORPORAÇÃO É UMA BÊNÇÃO!

O propósito da incorporação não é perder o controle sobre si mesmo. Ter menos consciência não significa possuir mais força mediúnica. A veracidade da comunicação não se comprova pela perda de memória. Pelo contrário, a mediunidade consciente é uma grande bênção para quem a possui.

O transe mediúnico não se assemelha a um choque elétrico, onde quanto mais se treme, mais intenso ele é. No entanto, muitos abandonam esse caminho devido à insegurança, pois não compreendem ou não aceitam a naturalidade de suas mediunidades. Outros, na tentativa de esconder essa insegurança, acabam exagerando em movimentos, giros, gritos, roupas chamativas, sotaques forçados e outros artifícios externos.

A mediunidade exige fé. É necessário entregar-se à espiritualidade superior, confiar tanto em si mesmo quanto nas entidades que acompanham o médium. A Umbanda se baseia na humildade e na simplicidade. É essencial expressar apenas aquilo que é natural ao próprio desenvolvimento mediúnico, sem exageros ou omissões.

O objetivo não é apagar a consciência, mas sim evitar interferências no trabalho da entidade incorporada – duas coisas bem distintas. Quando o desenvolvimento mediúnico é conduzido com paciência e boa orientação, aprende-se a não interferir. Ter lucidez durante a incorporação é algo extremamente positivo.

A dúvida "Sou eu ou o guia?" pode surgir, mas a resposta é: os dois. O médium sempre estará presente. Seja consciente ou inconsciente, ele é responsável por tudo o que acontece durante a incorporação. O aprendizado consiste em desenvolver uma parceria com a entidade, permitindo que ela conduza o trabalho a maior parte do tempo, mas também participando de forma natural quando necessário. Isso não representa um problema, mas reforça a importância do estudo constante.

Os médiuns conscientes têm a oportunidade maravilhosa de aprender com seus guias durante os atendimentos. A espiritualidade age com sabedoria e nada acontece por acaso. Muitas dificuldades enfrentadas pelos consulentes também são vividas pelos médiuns, e, ao ajudar um, a entidade também orienta o outro.

Esse processo contribui para a evolução mais rápida do médium. A mediunidade consciente exige estudo e comprometimento, pois as entidades utilizam o conhecimento do médium para transmitir suas mensagens. Como diz o ponto: "A Umbanda tem fundamento, é preciso se preparar."

O médium consciente não depende exclusivamente da incorporação para se comunicar com seus guias. Ele pode recorrer à intuição. Ao desenvolver o autoconhecimento, torna-se capaz de distinguir entre pensamentos próprios e influências externas.

A mediunidade consciente é a tendência atual. Muitas comunicações espirituais afirmam que não há mais encarnação de médiuns inconscientes. No entanto, ainda existe, em alguns lugares, a falsa expectativa de que a entidade apagará completamente a mente do médium e assumirá o controle total. Essa crença gera dúvidas, insegurança, frustrações e, em alguns casos, até falsidades.

É essencial aceitar a mediunidade consciente com todas as suas características. A missão do médium é ajudar o próximo, não provar nada para ninguém. O tempo em que os guias se submetiam a testes já passou. Hoje, para receber suas bênçãos, é necessário ter fé.

Evite comparações com outros médiuns. A mediunidade é uma experiência pessoal, e cada um tem seu próprio caminho. Ninguém sente as vibrações da mesma forma. O desenvolvimento espiritual e mediúnico é único para cada indivíduo. Tentar imitar as manifestações alheias pode ser um desperdício de tempo e energia. Aceitar sua mediunidade com alegria e gratidão é o primeiro passo para acessar todo o poder e força que ela carrega.

A energia não precisa ser bruta ou agressiva. A suavidade e a sutileza também são poderosas. Trabalhe com a vibração que recebe, concentre-se no que sente e permita que tudo flua naturalmente. Independentemente do tempo que se tem na Umbanda, o desenvolvimento nunca termina. Sempre há algo a aprender. E quanto maior a busca pela elevação moral, mais forte será a sintonia com guias e protetores.

A mediunidade consciente não é inferior à inconsciente, assim como o contrário também não é verdadeiro. O essencial é que os consulentes atendidos pelas entidades saiam do terreiro melhor do que entraram. Para isso – e essa orientação vale para qualquer tipo de mediunidade – é fundamental estar preparado mental e emocionalmente. O que faz um bom médium não é o grau de incorporação, mas sim um coração disposto à caridade.

Saravá a todos!

Contra Egum e a Importância do Equilíbrio

No terreiro, aprendemos que o Contra Egum é um resguardo espiritual, uma força que nos protege contra espíritos desencarnados que podem nos influenciar negativamente. Ele é uma ferramenta sagrada, utilizada com respeito e conhecimento, especialmente para aqueles que servem na corrente espiritual.

Porém, ultimamente, temos visto muitos irmãos pedindo para usar o Contra Egum durante o carnaval, como se fosse um escudo absoluto contra qualquer energia negativa. Mas é preciso lembrar: não adianta vestir o resguardo se suas atitudes estiverem em desequilíbrio.

Se você mergulha nos excessos, se age sem respeito consigo e com os outros, se se deixa levar por impulsos descontrolados, nenhum patuá ou proteção vai impedir que energias desequilibradas se aproximem de você. O terreiro ensina que proteção verdadeira vem do equilíbrio: do respeito ao próprio corpo, da consciência de suas escolhas e do cuidado com sua energia.

De nada adianta pedir proteção se você mesmo abre portas para vibrações baixas através de suas ações. O carnaval é tempo de alegria, mas alegria não é sinônimo de descontrole. Quem quer se proteger de verdade deve buscar moderação, respeito e firmeza espiritual.

Que os ensinamentos do axé nos guiem, e que nossa maior proteção seja sempre a nossa consciência e retidão no caminho!

Aos Médiuns Iniciantes: A Jornada da Paciência e do Aprendizado

Médiuns novos, entendam: não se apeguem a nomes de entidades! O desenvolvimento mediúnico é um processo que exige calma, entrega e aprendizado contínuo. No início, muitas das suas entidades e até mesmo seus orixás podem ainda não estar completamente firmados.

O foco dessa caminhada não deve ser descobrir a qualquer custo quem lhe rege ou qual Pombogira trabalha com você, mas sim evoluir espiritualmente. Esse é o momento de aprender com as entidades que você irá cambonar, de observar os ensinamentos transmitidos durante as incorporações e, acima de tudo, confiar no tempo e na sabedoria do plano espiritual.

Se suas entidades precisarem que você faça algo, elas irão comunicar de forma clara. Os recados virão por meio de entidades mais experientes dentro da corrente, através dos seus guias de frente ou até mesmo em sinais sutis do dia a dia. Se tiver dúvidas sobre algo que sonhou ou sentiu, busque orientação dentro do terreiro. Grupos de internet não possuem o fundamento necessário para esclarecer questões espirituais tão delicadas.

Muitos dizem: "Meu Exu é tal, quero saber mais sobre ele." Ou: "Sonhei com determinada Pombogira, mas sinto a vibração de outra." O conselho é simples: não se apegue a nomes, não crie certezas sem fundamento. A espiritualidade trabalha em um tempo diferente do nosso, e tudo será revelado na hora certa.

Lembro-me das palavras do meu Preto Velho durante uma incorporação:

"Nunca se apegue ao jeito que nenhuma entidade vem."

Médiuns iniciantes muitas vezes acreditam já possuir todo o conhecimento e evolução necessários, mas saibam: quando achamos que sabemos tudo, é exatamente quando mais precisamos aprender. A mediunidade é uma construção contínua, e cada etapa deve ser vivida com humildade e respeito.

Confie no tempo da espiritualidade. Suas entidades não têm pressa, então, por que você deveria ter?

Axé ✌️🕊

Bom dia com axé! ☀️✨

Que as bênçãos de Oxalá iluminem seu caminho, trazendo paz, equilíbrio e sabedoria. Que Iansã sopre os ventos da mudança, levando embora toda negatividade, e que Xangô fortaleça sua justiça e determinação.

Que as águas de Oxum lavem sua alma, trazendo amor e prosperidade, e que Ogum abra seus caminhos com coragem e proteção.

Hoje é um novo dia, uma nova chance de brilhar, evoluir e espalhar luz! Que seu coração pulse na energia do axé e que sua fé te guie sempre!

Saravá!

O Compromisso de Estar Bem Preparado para a Gira

O dia de gira é um momento especial para o médium, e cabe a ele a responsabilidade de se preparar adequadamente para essa ocasião tão importante. Para isso, é essencial seguir uma série de restrições e práticas que favoreçam sua sintonia com a espiritualidade que o acompanha. A mediunidade é algo sério e, uma vez aceita, deve ser exercida com dedicação e compromisso.

Os preceitos físicos já são amplamente conhecidos. Embora possam variar de um terreiro para outro, de modo geral, incluem a abstenção de carne, bebidas alcoólicas e relações sexuais nas 24 horas que antecedem a gira. Essas são regras simples que qualquer um pode cumprir sem grandes dificuldades.

Além disso, há os preceitos mentais e espirituais. Antes da gira, é fundamental evitar conflitos, discussões, desentendimentos e qualquer tipo de pensamento ou sentimento negativo. Desde o início do dia, devemos buscar fortalecer nossa conexão com os guias e protetores, mantendo o equilíbrio mental e emocional, sem permitir que adversidades nos abalem.

O momento do trabalho espiritual é sagrado e merece respeito e reverência. Ir ao terreiro não é um ato trivial, mas sim uma entrega de corpo e alma. Portanto, tudo o que nos afasta da espiritualidade deve ser evitado.

A Umbanda tem como essência o auxílio espiritual àqueles que buscam seu axé. Muitas pessoas chegam ao terreiro carregando os mais diversos problemas, algumas em total desespero, sem saber a quem recorrer. Diante disso, é imprescindível que o médium compreenda a grandeza de sua responsabilidade. Não estar devidamente preparado pode comprometer a sintonia com as entidades e resultar em orientações inadequadas, o que pode trazer consequências sérias. A mediunidade exige devoção e dedicação, sendo um compromisso assumido antes mesmo da encarnação e renovado ao ingressar na corrente mediúnica do terreiro.

O médium de Umbanda deve manter-se em vigilância constante, pois os obsessores conhecem suas fraquezas e agirão nelas sempre que houver um descuido. Especialmente nos dias de gira, é comum que surjam desafios que testam nossa serenidade e equilíbrio. Ninguém está imune às influências negativas, por isso, é fundamental estar sempre atento ao que acontece dentro de si e ao seu redor.

As maiores proteções do médium são a humildade, a disciplina e a disposição para fazer o bem. Enquanto esses valores forem cultivados, o equilíbrio será mantido. Além disso, cada terreiro e cada doutrina possuem seus próprios rituais e orientações preparatórias para a gira. É essencial seguir com sinceridade os ensinamentos transmitidos pelo Pai ou Mãe de Santo, pois cada rito e elemento tem um propósito. Independentemente da experiência que se tenha na Umbanda, a humildade para respeitar os preceitos é fundamental.

Saravá a todos!

CANTINHO DO SABER

O PODER DAS ERVAS 

As ervas para banho energizam, protegem, aliviam, descarregam e acalmam o ser humano.

O dia a dia estressante, os momentos de raiva, as más energias direcionadas, os eventos traumáticos: é muita carga energética que recebemos, hoje em dia.

Diante disso, é preciso pensar em estratégias para limpeza espiritual e para equilíbrio dessas energias. É aqui que entram as ervas para banho.

Com elas, podemos buscar uma melhor qualidade de vida, com benefícios em todas as áreas. As ervas permitem um contato do ser humano com a natureza viva.

A partir dessa interação, é possível quebrar a ação de energias negativas e restaurar energias boas e positivas para viabilizar uma vida melhor.

Entenda, então, tudo o que precisa saber sobre ervas para banho e conheça as melhores técnicas para fazer esse tipo de ritual. 

O que é um banho de ervas e para quê serve?

O uso de ervas para banho é uma tradição em muitas culturas e civilizações, há milênios.

Ou seja, utilizar ervas para banho é um processo de purificação espiritual e de acréscimo de energias positivas que parte de um princípio: as plantas são seres vivos e transmitem vibrações.

Por conta disso, as ervas para banho são usadas para que seja possível quebrar o efeito de energias negativas, purificar e descarregar, ao mesmo tempo, em que se repõe energias.

O dia a dia caótico de uma rotina comum, hoje, é o suficiente para trazer uma série de energias negativas, gerar demandas ruins, desequilibrar nossos chakras e causar vários problemas e desconfortos.

Recebemos o impacto desse caos e reagimos com doenças, tristeza, problemas de sono, ansiedade e outros transtornos. Isso indica que muita coisa está fora do lugar.

Assim, as ervas para banho são uma solução. Elas atuam como protetoras, rejuvenescedoras, relaxantes, auxílio para quem procura felicidade e novas energias no futuro, etc.

Podemos, também, usar as ervas para busca de prosperidade, luz, alegria e bons momentos.

O banho com as ervas pode ser feito, depois do banho higiênico, como um complemento. O ideal, claro, é que isso seja feito com o devido cuidado.

Qual a origem do banho de ervas?

O uso das ervas para banho é milenar, misturando-se com o próprio desenvolvimento da humanidade. Diversas sociedades ao redor do planeta se valem das propriedades e benefícios da natureza para a saúde, assim como sua conexão com esferas superiores.

Um dos conceitos relacionados às ervas para banho é sua capacidade de conectar o ser humano com a natureza, com o divino e o espiritual.

Por isso, a origem desta prática está relacionada, por um lado, a uma visão de mundo mais próxima das energias naturais e aos rituais sagrados. Por outro, com as propriedades medicinais que as plantas apresentam.

Ao longo dos séculos, esta prática foi se difundido e modificando: dos rituais de devoção ao autocuidado moderno ou, ainda, da cura pelas plantas até a melhoria na qualidade de vida e saúde das pessoas.

Quais os tipos de ervas para banho?

É comum a procura por ervas de acordo com seus benefícios, como potencial de limpeza e purificação.

Cada tipo de erva para banho está associado a uma ação, conforme as categorias em que se encontram. Por isso, as ervas se dividem de acordo com sua função em uma cerimônia de purificação: quentes, mornas e frias.

Ervas quentes

As ervas quentes são mais poderosas, agressivas e ativas. Assim, elas são utilizadas para eliminar ativamente as energias negativas e os males causados pelo ambiente, pela rotina estressante e pelo caos do dia a dia.

Inclusive, quando muito usadas, elas podem causar um excesso de limpeza energética. Esta prática deve ser evitada.

Ervas mornas

Servem justamente para trazer de volta somente as energias positivas, que poderiam ter sido eliminadas com as negativas por conta da ação de ervas quentes.

Assim, ao energizar o nosso corpo e a nossa aura, ajudam a resgatar um certo equilíbrio energético que se traduz em equilíbrio em várias áreas.

Ervas frias

Temos também as ervas frias, que atendem a propósitos específicos. Estas são classificadas em femininas e masculinas.

Há as ervas frias femininas, que desenvolvem aspectos ligados a sensibilidade; as ervas masculinas, que trabalham um senso de fatores tidos como masculinos.

Além destas, existem também as que trabalham na intuição e as que funcionam como calmantes

Quais os benefícios do banho de ervas?

O ritual com ervas para banho é uma prática terapêutica que traz diversos benefícios para o corpo, mente e espírito. A seguir, cada um dos benefícios mencionados, em detalhes:


Limpa as energias negativas, energizando o corpo e o espírito

As ervas para banho possuem propriedades energéticas que ajudam a purificar e limpar as energias negativas que possam estar presentes no corpo e no campo energético. Essa limpeza promove uma sensação de renovação, leveza e vitalidade.


Auxilia na busca pelo autoconhecimento e expansão da consciência

O banho de ervas tem um efeito calmante e relaxante, permitindo que a pessoa se conecte consigo mesma e tenha momentos de introspecção.

Através desse estado de tranquilidade, é possível acessar aspectos mais profundos de si mesmo, algo que estimula o autoconhecimento e a expansão da consciência.


Contribui com o equilíbrio físico, mental, emocional e espiritual

As ervas utilizadas nos banhos possuem propriedades terapêuticas que atuam de forma benéfica em diferentes aspectos da saúde.

Elas ajudam a aliviar tensões musculares, reduzir o estresse e a ansiedade, equilibrar as emoções e desenvolver o bem-estar geral do indivíduo.

Melhora a autoestima

O banho com ervas é uma prática de autocuidado que significa reservar um tempo para si, dedicando-se ao cuidado do corpo e da mente.

Esse ato de amor próprio é especial, pois contribui para o fortalecimento da autoestima — o que gera uma forte sensação de valorização pessoal e bem-estar.

Em resumo, o banho de ervas oferece benefícios que vão além do físico, alcançando também o emocional, mental e espiritual.

Quando fazer um banho de ervas?

O "quando" é algo muito importante antes de ritual com ervas para banho. Por isso, vale dedicar uma seção inteira deste nosso conteúdo para abordar essa questão!

O ideal é estar sensível à necessidade de equilíbrio energético, de reposição de boas energias e eliminação das cargas negativas.

Isso pode ser notado quando vivenciamos doenças, transtornos, tristeza profunda, dificuldades de dormir ou simplesmente a sensação de que algo está travado em nossa vida.

Então, você pode aproveitar os dias e momentos certos para fazer esse banho com ervas e obter o resultado ideal.

O domingo é considerado um bom dia para banhos com foco em prosperidade, aumento da alegria, elevação da energia e crescimento pessoal.

Já o sábado é típico para pedir proteção e restauração energética.

A sexta-feira, por sua vez, é ideal para banhos com foco no amor, na fertilidade, na paixão, na harmonia e na união, por conta da sua relação com Vênus.

Vamos analisar melhor essa relação do banho com as fases da lua para responder melhor a essa questão:

· Lua Minguante: é um período propício para realizar banhos de limpeza e purificação. Nessa fase lunar, é comum buscar a remoção de energias negativas, desapego de padrões indesejados e o encerramento de ciclos. Os banhos de ervas durante a lua minguante auxiliam nesse processo de liberação e renovação;

· Lua Nova: é um momento de renovação e novos começos. Os banhos de ervas durante a lua nova são ideais para estabelecer intenções, atrair energia positiva e desencadear o crescimento pessoal. São usados para fortalecer a autoestima, estimular a criatividade e manifestar objetivos;

· Lua Crescente: é uma fase de crescimento e expansão. Os banhos durante a lua crescente são recomendados para fortalecer aspectos específicos da vida, como a saúde, o amor, a prosperidade ou a espiritualidade. É um momento de buscar equilíbrio e nutrição;

· Lua Cheia: é um período de plenitude e realização. O banho de ervas durante a lua cheia tende a ser direcionado para aumentar a intuição, promover a cura emocional, potencializar a energia espiritual e intensificar a conexão com o divino. Também é ótimo para celebrar conquistas e expressar gratidão.

11 ervas para banho e seus significados

Vamos conhecer agora algumas opções de ervas para banho e entender como elas podem ser usadas:

1. Banho de arruda para purificação das energias

A arruda pode ser usada para purificação de energias, para limpeza espiritual e para quebrar demandas.

Funciona então com uma erva quente, mais ativa, com um efeito incisivo contra o que foi acumulado de ruim durante a rotina.

2. Banho de alecrim para prosperidade

É ideal para prosperidade, bem como para preparar as pessoas para uma vida mais próspera, com melhoria da autoestima, menos tristeza, menos apatia e equilíbrio entre os sistemas do corpo.

3. Banho de espada de são jorge para proteção

Nas religiões de matrizes africanas, a espada-de-são-jorge sempre foi usada com o intuito de trazer proteção e segurança, quase como um amuleto.
Assim, um banho com ela pode ser crucial para defesa diante dos ataques e riscos da vida.

4. Banho canela para aumento da vitalidade

A canela é conhecida por trazer dinamismo, energia, vitalidade, vigor e força para os dias cansativos e exaustivos.

Essa erva, de fato, traz a estrutura emocional que precisamos para lidar com a vida moderna e todas as suas nuances.

5. Banho de manjericão, canela e anis para prosperidade

Manjericão pode ser usado para relaxamento, para acalmar nossa mente e corpo. Já a anis proporciona mais coragem e motivação diante das demandas da vida. A canela, como já falamos, gera energia.

As três ervas para banho podem ser combinadas para gerar prosperidade e reforçar um senso de bem-estar diante dos dias prósperos que vão surgir.

6. Banho de camomila para limpeza emocional

Camomila é conhecida como uma planta medicinal com um efeito calmante, mas um banho com a planta pode destacar outro benefício: a limpeza emocional.

Ou seja, é ótima para descarregar sensações e emoções negativas, de modo que a pessoa esteja mais propícia ao perdão e à conexão com os outros.

7. Banho de melaleuca para cura de doenças

Melaleuca age como cicatrizante e como auxílio na recuperação e cura de doenças. Pode ser, também, antisséptica e anti-inflamatória.

8. Banho de macela para alívio do estresse

Outra das opções de ervas para banho é a macela.

Macela tem uma ação para alívio do estresse e dos transtornos causados pela rotina dinâmica exaustiva que temos, hoje em dia.

Esse tipo de erva age como um ótimo calmante, ideal para um banho depois de um dia muito exigente, por exemplo. Ainda, pode agir como relaxante da tensão dos músculos.

9. Banho de rosas brancas para limpeza espiritual e emocional

As rosas brancas atuam com muita intensidade para limpeza espiritual e emocional, para quem segue em busca de um reequilíbrio energético.

Evidentemente, funcionam como ervas quentes e devem ser complementadas por ervas mornas, como já destacamos, anteriormente.

10. Banho de boldo para cicatrização de feridas

Boldo é uma erva que deve ser aplicada com o intuito de lidar com doenças e feridas, bem como para limpeza energética. Outra função é reforçar a interação espiritual com a natureza.

11. Banho de sete ervas: uma mistura poderosa

Muito comum na cultura brasileira e africana, a sete-ervas é composto por um conjunto de plantas medicinais e de poder, como arruda, guiné, alecrim e manjericão. Que faz um banho de sete ervas adquire proteção, atrai sorte, purifica o espírito e promove a cura.

Como fazer um banho de ervas?

Vamos entender melhor agora como fazer um banho com ervas.

Uma vez que você já sabe quais são as ervas para banho e já compreende perfeitamente o que é essa cerimônia, vamos avançar para a compreensão de como fazer isso.

Antes de tudo, é necessário ressaltar a importância de ter cuidado com o processo e de estar a mentalidade adequada, em uma posição de reverência e respeito.

1. Escolha as ervas certas para o banho

Primeiro, você deve olhar as opções de ervas, como as que citamos, e buscar exatamente as que você deseja para seu objetivo.

Entenda, por exemplo, quais são as ervas quentes, necessárias para a limpeza espiritual, e analise as características delas.

Essa escolha, evidentemente, pode ser feita de acordo com o momento também, o dia da semana ou as fases da lua.

Como falamos, é importante atentar para o tipo de erva e para seus efeitos já experimentados por outras pessoas. Assim, você garante que esses benefícios sejam alcançados por você também.

2. Prepare o seu espiritual

Então, prepare muito bem o seu espiritual e a sua estrutura para esse tipo de banho.

O ideal, como falamos, é estar aberto para entender como as ervas funcionam e como elas agem na reestruturação de energias.

Prepare bem o seu espiritual para a conexão com a natureza, para se sentir mais leve e, ao mesmo tempo, para a reposição das energias.

É importante ter a mente pronta para entender os efeitos de cada erva e do processo de purificação em si.

A purificação leva ao autoconhecimento, a uma limpeza que faz muito bem à pessoa em si, mas é também um processo que ajuda na relação e conexão com os outros. Considere isso também.

3. Ferva dois litros de água quente

Então, você pode partir para a prática de preparação das ervas que escolheu. Primeiro, prepare dois litros de água em uma temperatura mais quente.

4. Infusione as ervas

Depois, misture as ervas com a água fervente.

5. Espere amornar e use o chá no seu banho

Então, espere que a mistura quente fique um pouco morna e adicione aquela solução ao seu banho.

O ideal, como sempre recomendado, é se banhar sempre abaixo do pescoço e deixar o líquido sagrado fazer efeito no corpo, aos poucos, com a evaporação natural das plantas.

O que não pode fazer depois do banho de ervas?

Fique atento às seguintes recomendações e evite de comportamento e hábitos depois de um banho de ervas:

  • Evite tomar banhos quentes logo após o banho de ervas, pois pode dissipar a energia e os benefícios do banho;
  • Evite atividades físicas intensas imediatamente após o banho, pois o corpo ainda está em um estado de relaxamento;
  • Evite consumir alimentos pesados ou intoxicantes, como carne vermelha, álcool e alimentos processados, pois podem diminuir a sensação de limpeza e leveza proporcionada pelo banho;
  • Evite discussões e situações estressantes, buscando manter um ambiente tranquilo e harmonioso após o banho com ervas;
  • Evite expor-se a ambientes negativos ou pessoas que possam drenar sua energia, a fim de preservar a atmosfera de bem-estar criada pelo banho;
  • Evite utilizar produtos químicos agressivos na pele, como sabonetes perfumados ou loções com ingredientes sintéticos, pois interferem na energia do banho de ervas.

O que fazer após o banho de ervas?

Após o ritual de banho de ervas é necessário, também, ficar atento a algumas recomendações. Dependendo do tipo de erva para banho, recomenda-se a reclusão, mas, em alguns casos, é sugerido a prática de rituais adicionais.

No entanto, depois de um banho de ervas é sempre indicado que:

  • Mantenha-se relaxado e aproveite os benefícios energéticos das plantas de poder;
  • Vista roupas limpas, de modo que o objetivo das ervas seja cumprido de maneira integral sem interferência de resíduos energéticos anteriores;
  • Pense sempre positivos e carrega sua mente com boas energias e vibrações;
  • Continue sempre cuidando de você, sua saúde (mental, física e espiritual) para que as ervas cumpram seu papel.

Onde encontrar e comprar ervas para banho de qualidade?

A Natureza Divina é especialista em medicina natural, ervas sagradas e plantas de poder. Por isso, entendemos a saúde humana em sua dimensão integrada entre corpo físico, espiritual e mental.

Assim, estudamos, compreendemos e disponibilizamos todo o poder da natureza para as pessoas, de modo a incentivar práticas de autocuidado, autoconhecimento, conexão com o divino e expansão de consciência.

Conclusão

Como vimos, o uso de ervas para banho é muito importante para trazer benefícios à nossa vida em todos os âmbitos.

É possível eliminar males conhecidos e desconhecidos, evitar imprevistos e problemas futuros, melhorar nosso equilíbrio energético, trazer prosperidade, nos proteger, quebrar demandas, etc.

Você precisa, então, conhecer as ervas e entender como elas se encaixam nisso, ou seja, quais benefícios trazem de fato.
Assim, pode adotar a planta adequada para a cerimônia com o objetivo que deseja.

Outro ponto é saber como se preparar mental e espiritualmente para o banho com as ervas.

Entenda bem como fazer isso para garantir o melhor dos resultados e, de fato, desencadear uma vida mais saudável e feliz



 


 

  



Os Preceitos na Umbanda: Direcionamentos para o Crescimento Espiritual

Os preceitos são orientações espirituais essenciais para o equilíbrio do médium e para a realização dos trabalhos dentro do terreiro. Esses princípios não se limitam a regras externas, mas são práticas que visam o aprimoramento do ser, tanto no plano espiritual quanto no físico. Eles garantem que o médium se prepare adequadamente para entrar em sintonia com as energias dos Orixás e das entidades espirituais, com respeito e seriedade.


Entre os preceitos mais conhecidos, destaca-se a abstenção de carne, sexo e bebidas alcoólicas nas 24 horas que antecedem a gira. Essas orientações visam criar um estado energético favorável para o trabalho mediúnico. A carne, por exemplo, é vista como um alimento denso que pode interferir na vibração do corpo, dificultando a conexão com as energias espirituais. Ao se abster desse alimento, o médium favorece uma sintonia mais pura durante a gira.

O preceito de evitar relações sexuais nas 24 horas antes da gira está relacionado ao controle das energias do corpo. O sexo é uma troca energética intensa, e para o médium estar completamente disponível ao trabalho espiritual, é necessário preservar seu campo vibracional. O mesmo ocorre com o consumo de bebidas alcoólicas, que podem desestabilizar as energias do médium e afetar sua clareza mental, tornando-o menos receptivo às entidades.

No entanto, os preceitos não se limitam a práticas externas, mas também envolvem a disciplina mental e comportamental do médium no seu cotidiano. A maneira como o médium se comporta e a sua sintonia mental têm grande influência sobre sua capacidade de se conectar com os guias e com os Orixás. Pensamentos negativos, atitudes desarmoniosas e falta de controle emocional podem criar bloqueios energéticos que dificultam a comunicação espiritual. Por isso, o médium deve cultivar, ao longo do dia, um estado mental elevado, mantendo pensamentos positivos, buscando o autoconhecimento e a autoconsciência, e evitando situações que possam gerar desarmonia ou conflito interno.

A sintonia mental é, de fato, uma extensão dos preceitos espirituais. A conexão com os guias e Orixás depende não apenas da postura física e energética, mas também da preparação emocional e psicológica do médium. Um médium que mantém uma mentalidade tranquila, focada e positiva tem mais chances de receber as orientações dos guias com clareza, e de realizar o trabalho mediúnico com a profundidade necessária. A prática constante de equilibrar os pensamentos e as emoções, especialmente nas horas que antecedem os trabalhos espirituais, é fundamental para garantir que a mediunidade se manifeste de forma equilibrada e pura.

Esses preceitos e atitudes diárias não são meras regras ou limitações, mas sim práticas que auxiliam o médium a manter o equilíbrio e a concentração, permitindo que o trabalho espiritual seja realizado de forma eficiente. Ao segui-los, o médium cria condições ideais para atuar com respeito e humildade, alinhando-se com as forças espirituais e garantindo que seus trabalhos sejam conduzidos pela luz.

Na Umbanda, mais do que uma religião de cerimônias, é um caminho de evolução espiritual. Os preceitos ajudam o médium a se disciplinar e a viver sua espiritualidade com seriedade, tanto dentro quanto fora do terreiro, para servir ao próximo com amor e dedicação.


Umbanda, Candomblé, Espiritismo e Quimbanda: Semelhanças, Diferenças e Preconceitos

No Brasil, a espiritualidade se manifesta de diversas formas, e algumas tradições acabam sendo confundidas por falta de conhecimento ou até mesmo por preconceito. Umbanda, Candomblé, Espiritismo e Quimbanda são frequentemente colocados no mesmo "pacote", mas cada uma dessas vertentes tem sua identidade própria, seus fundamentos e objetivos distintos.


Espiritismo: A Filosofia da Comunicação com os Espíritos

O Espiritismo, codificado por Allan Kardec no século XIX, é uma doutrina filosófica e moral baseada na comunicação com os espíritos. Seus princípios incluem a reencarnação, a evolução espiritual e a caridade. O Espiritismo não cultua entidades específicas nem realiza rituais com oferendas, pois seu foco está no desenvolvimento moral do indivíduo e na compreensão da vida espiritual.

Candomblé: A Religião dos Orixás e da Tradição Africana

O Candomblé é uma religião afro-brasileira que cultua os Orixás, entidades divinas associadas às forças da natureza e aos antepassados africanos. Suas práticas incluem rituais de dança, cânticos em línguas africanas e oferendas para fortalecer a conexão com os Orixás. Diferente da Umbanda, o Candomblé não incorpora espíritos desencarnados (como caboclos e pretos-velhos), mas sim os Orixás, que se manifestam nos médiuns em estados de transe.

Umbanda: A Religião Brasileira que Une Diferentes Tradições

A Umbanda surgiu no início do século XX e tem influência do Espiritismo, das tradições africanas, do catolicismo popular e das crenças indígenas. Na Umbanda, há a incorporação de espíritos guias, como caboclos, pretos-velhos e crianças, que vêm para orientar os consulentes e praticar a caridade. Diferente do Candomblé, a Umbanda não possui sacrifícios animais e, em geral, seus rituais são mais voltados ao desenvolvimento espiritual por meio da mediunidade.

Quimbanda: O Culto aos Exus e Pombagiras

A Quimbanda, por sua vez, tem um caminho independente. Trata-se de uma tradição que trabalha diretamente com Exus e Pombagiras. Enquanto na Umbanda os Exus atuam como mensageiros e guardiões, na Quimbanda eles são a base do culto. Suas práticas são voltadas à realização de desejos materiais e à resolução de conflitos terrenos, sempre respeitando os princípios de equilíbrio entre causa e efeito.

O Preconceito e a Ignorância Sobre as Tradições Espirituais

Infelizmente, todas essas tradições sofrem preconceito, muitas vezes por falta de informação. O Candomblé e a Umbanda são atacados por visões racistas e intolerantes, enquanto o Espiritismo é visto com ceticismo. A Quimbanda, por sua vez, é demonizada. Cada uma dessas tradições tem seu valor e sua missão no mundo espiritual.

O mais importante é o respeito. Antes de julgar qualquer caminho espiritual, devemos buscar conhecimento e compreender que cada pessoa tem sua própria jornada. O sagrado se manifesta de diferentes formas, mas o objetivo maior sempre será a evolução do espírito e a busca por equilíbrio e harmonia.

Que possamos aprender a respeitar e a valorizar a diversidade espiritual do nosso país!


A Obsessão Espiritual na Umbanda: Causas, Tratamentos e Ensinos de Entidades

A obsessão espiritual é um dos temas centrais dentro da Umbanda, uma religião que se dedica não apenas ao culto dos orixás, mas também à prática da cura espiritual. A obsessão, considerada um dos principais desafios enfrentados por indivíduos em desequilíbrio, envolve uma ligação energética negativa entre um espírito desencarnado e um ser encarnado, influenciando negativamente sua vida emocional, física e mental. No contexto umbandista, a obsessão é tratada de maneira integrativa, que vai além do simples afastamento de espíritos, buscando a evolução e a compreensão tanto do obsessor quanto do obsediado.


A Origem e as Causas da Obsessão Espiritual

Para os umbandistas, a obsessão espiritual não é vista como um fenômeno punitivo, mas como um reflexo de desequilíbrios espirituais, emocionais e até mesmo karmáticos. Muitos estudiosos da Umbanda, como Zélio Fernandino de Moraes, um dos fundadores da religião, e Ramatis, autor espiritual de grande influência, afirmam que a obsessão ocorre quando um espírito, muitas vezes em desequilíbrio, se prende ao encarnado devido a sentimentos de vingança, inveja ou mesmo situações mal resolvidas no plano material. Para Zélio Moraes, a obsessão é uma manifestação do karma não resolvido, onde as ações de vidas passadas ou de experiências não superadas geram uma interferência espiritual.

Ramatis, por sua vez, elucida que a obsessão tem raízes nos pensamentos e atitudes negativas do ser humano, que atraem espíritos de baixa vibração para suas vidas. O que diferencia a visão umbandista de outras vertentes espirituais é a compreensão de que os obsessores também estão em um processo de aprendizado. São espíritos, assim como os encarnados, em busca de evolução, e, por isso, merecem tratamento e não punição.

O Papel das Entidades no Tratamento da Obsessão

Na Umbanda, a obsessão espiritual é combatida através de uma abordagem terapêutica, mediúnica e vibracional, utilizando o auxílio de entidades espirituais que atuam no plano físico e espiritual. As entidades, como Pretos Velhos, Caboclos, Exus e Pomba-Giras, desempenham papéis fundamentais no processo de desobsessão, cada uma com sua particularidade.

Os Pretos Velhos, por exemplo, são conhecidos por sua sabedoria e paciência. Eles abordam o obsessor com muito amor e compaixão, mostrando que o caminho para a cura está na reconciliação e no perdão. Segundo os relatos de médiuns e estudiosos da Umbanda, as entidades de Pretos Velhos agem para restaurar o equilíbrio emocional e energético dos consulentes, proporcionando momentos de reflexão e cura espiritual. Eles afirmam que muitos casos de obsessão têm origem em mágoas não curadas e que, por meio do perdão, tanto o obsessor quanto o obsediado podem encontrar o caminho para a cura.

Já os Caboclos, entidades espirituais de origem indígena, atuam de maneira mais incisiva, trabalhando com as energias da natureza para fortalecer a vibração energética dos consulentes e ajudá-los a se proteger das influências espirituais negativas. Eles utilizam seus conhecimentos sobre as forças da natureza, incluindo ervas e banhos de purificação, para limpar o campo energético e restaurar o equilíbrio emocional do indivíduo.

Os Exus e Pomba-Giras, por outro lado, são frequentemente associados à proteção e à quebra de feitiços e energias negativas. Esses guias espirituais, muito respeitados na Umbanda, agem com firmeza e rigor, mas sempre com o objetivo de promover a libertação espiritual. Eles não só afastam as entidades negativas, mas também ensinam a autodefesa espiritual, orientando os consulentes a manterem-se firmes e equilibrados, tanto no plano físico quanto espiritual.

Tratamentos e Intervenções Espirituais: A Caminho da Cura

Tratamentos e Intervenções Espirituais: A Caminho da Cura

O tratamento para a obsessão espiritual na Umbanda é holístico, abrangendo tanto o campo físico quanto o espiritual. Durante os trabalhos de desobsessão, realizados em terreiros, os médiuns utilizam uma série de técnicas, como passes magnéticos, defumações, orações e cânticos, que criam um ambiente propício à cura e à reintegração espiritual. O uso de ervas sagradas, como guiné, arruda e alecrim, é fundamental para a purificação energética dos assistidos e para a expulsão de energias densas.

Além disso, a Umbanda incentiva a autoavaliação dos consulentes, pois a obsessão está frequentemente relacionada a comportamentos e atitudes negativas que devem ser superados. Nesse sentido, a Umbanda preconiza que os indivíduos devem buscar o autoconhecimento e a transformação interior, entendendo que os obstáculos espirituais podem ser superados por meio da mudança de pensamento, sentimento e ação.

Reflexões e Ensinos de Autores Umbandistas sobre a Obsessão

A visão umbandista sobre a obsessão espiritual é profundamente transformadora. Em seus ensinamentos, Ramatis sugere que a obsessão é uma oportunidade para o indivíduo aprender a superar suas limitações. Ele enfatiza que, muitas vezes, o maior obstáculo da obsessão não está no espírito obsessivo, mas na resistência do próprio ser encarnado em se transformar. Esse processo, segundo Ramatis, é inevitável para o crescimento espiritual, pois nos ensina a lidar com os próprios medos, frustrações e limitações.

No livro "O Caminho das Almas", Ramatis explica que o processo de desobsessão não é apenas uma libertação do espírito obsessivo, mas uma chance de evolução para ambos os envolvidos. Ele afirma que, ao ajudar o obsessor a reencontrar seu equilíbrio, o médium e o assistido também se tornam mais fortes espiritualmente. O trabalho realizado nas giras de desobsessão, assim, não visa apenas a cura imediata, mas uma verdadeira transformação energética e uma evolução moral para todos os envolvidos.

A Umbanda e a Obsessão Espiritual

A obsessão espiritual na Umbanda é abordada de forma única, centrada na ideia de que tanto os obsessores quanto os assistidos estão em um processo de aprendizado e evolução. As entidades espirituais, com sua sabedoria e amor incondicionais, trabalham para libertar os consulentes das influências negativas, promovendo a cura integral e a transformação espiritual. Por meio do perdão, do autoconhecimento e da prática de virtudes, a Umbanda oferece uma abordagem que, longe de ser punitiva, é profundamente libertadora e educativa, criando oportunidades para todos os envolvidos em um processo de cura para avançarem em direção à evolução espiritual.

Axe ✨️

O despertar mediúnico não precisa ser algo assustador. Com orientação, estudo e respeito ao seu tempo, é possível equilibrar essa conexão espiritual e transformar esse dom em uma ferramenta poderosa para sua evolução e auxílio ao próximo.

O QUE ACONTECE SE EU REPRIMIR MINHA MEDIUNIDADE?

A mediunidade não é uma escolha, e sim uma missão. Muitas pessoas sentem sinais claros desse dom, como intuições fortes, sensibilidade energética, sonhos vívidos ou até mesmo manifestações espirituais. Mas o que acontece se você ignorar esses sinais?

Reprimir a mediunidade pode gerar desequilíbrios físicos, emocionais e espirituais. Sensação de cansaço extremo, ansiedade sem motivo aparente, insônia, irritabilidade e até doenças podem ser reflexos da falta de alinhamento com essa força que já faz parte de você.

Além disso, ignorar esse chamado pode deixar você mais vulnerável a energias negativas, pois a mediunidade não deixa de existir—ela apenas se manifesta de formas descontroladas.

Porém, se o preconceito vier de forma agressiva, com ataques ou imposições, é importante se proteger. Não discuta com quem não quer entender. Se necessário, denuncie casos de discriminação, pois existem leis que garantem sua liberdade religiosa.

No trabalho, em grupos de amigos ou no dia a dia, lidar com esse tipo de situação exige paciência. Explique sua fé para quem quiser ouvir, mas não se desgaste tentando convencer quem só quer julgar. Quem deseja entender, observa e pergunta.

A Umbanda e qualquer outra fé que te fortaleça não devem ser motivo de vergonha. Sua espiritualidade é sua, e ninguém pode tirá-la de você. Mantenha-se firme e siga seu caminho com respeito e sabedoria.

Axé!

QUANDO SUA FAMÍLIA NÃO ACEITA SUA RELIGIÃO, O QUE FAZER?

O preconceito religioso pode vir de quem menos esperamos: nossa própria família. Muitas vezes, pais, irmãos ou parentes próximos criticam nossa fé não por maldade, mas porque cresceram com ideias erradas sobre ela. O medo do desconhecido faz com que a Umbanda e outras religiões de matriz africana sejam vistas de forma negativa.

Se sua família rejeita sua fé por acreditar que ela "faz mal" ou "traz coisas ruins", tente mostrar o contrário com atitudes. Demonstre que você se tornou uma pessoa melhor, mais equilibrada e consciente desde que passou a seguir sua religião. As pessoas tendem a mudar sua visão quando veem que a espiritualidade transformou alguém para melhor.